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Plantio lento de milho no Brasil pode pressionar ainda mais os estoques mundiais

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NAPERVILLE, Illinois, 29 de janeiro (Reuters) - Com a oferta global de milho chegando aos menores níveis da década no final deste ano, a colheita de milho do Brasil não pode se dar ao luxo de sofrer um acidente. Os estoques de milho brasileiros estão particularmente apertados rumo à safra 2024-25, e o plantio da segunda safra de milho, que representa quase 80% da produção de milho do país, está tendo um início lento. A segunda maior produção de milho do Brasil deve aumentar modestamente este ano em relação ao ano passado, mas se isso não acontecer, poderá representar uma oportunidade para os Estados Unidos. O segundo maior estado produtor de milho, Mato Grosso, tinha plantado apenas 1% até a última sexta-feira, o ritmo mais lento desde 2011, mas quase idêntico ao de 2021. Ambos os anos, além de 2016, outro ano lento, coincidiram com algumas das piores produtividades de milho do estado. Chuvas fora de hora atrasaram a colheita de soja do Mato Grosso, o que também atrasa o plantio de milho. Isso muda a janela de formação de rendimento de milho para potencialmente se sobrepor ao início da estação seca. Os agricultores do Mato Grosso, em média, plantam cerca de 11% de sua safra de milho esta semana, então os esforços de plantio devem estar pelo menos 12% completos até sexta-feira para manter um ritmo um tanto confortável. A última semana foi favoravelmente mais seca, embora as chuvas possam voltar nos próximos dias. O segundo maior produtor de milho do Brasil, Paraná, plantou 9% do seu segundo milho até esta semana, um ritmo relativamente normal. O plantio tardio de milho no estado do sul apresenta riscos de danos causados ​​por geadas no final da temporada, que eram proeminentes há quatro anos. O Brasil tem tanto a perder quando as coisas dão errado no Paraná quanto no Mato Grosso, já que os rendimentos tendem a flutuar mais no Paraná. O rendimento do milho secundário 2020-21 daquele estado caiu 50% abaixo da tendência de longo prazo, enquanto o resultado de 2015-16 do Mato Grosso ficou cerca de um terço abaixo. Os dois estados respondem por dois terços da segunda safra de milho do Brasil. A vizinha do sul e companheira exportadora Argentina está lutando contra a seca nesta temporada devido a La Niña, a fase fria do Oceano Pacífico equatorial. As segundas safras de milho do Brasil não se correlacionam tão bem com La Niña ou El Niño quanto as safras da Argentina, mas os melhores resultados do Brasil normalmente não coincidem com La Niñas mais fortes. O fenômeno La Niña afeta o estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, de forma semelhante à da Argentina, mas o estado não cultiva milho secundário. ESTOQUES APERTADOS Em meados de 2024, o Brasil colheu sua segunda maior safra de milho, cerca de 12% menor do que no ano recorde anterior. No entanto, as exportações brasileiras de milho desde julho caíram cerca de 29% no ano. Os embarques para a China, que foi o destino de 29% das cargas de milho brasileiro no ano civil de 2023, caíram mais de 90% no período de julho a janeiro. Os embarques mais leves não afrouxaram o estoque de milho brasileiro, já que o consumo doméstico tem sido forte. O Departamento de Agricultura dos EUA estima os estoques de milho brasileiro para uso em 2024-25 em 2,1%, uma baixa de 42 anos e abaixo dos 7,1% do ano anterior. A Conab, equivalente brasileira do USDA, tem uma visão um pouco diferente, já que 2,8% de estoques para uso em 2024-25 seria um aumento em relação aos 2,1% do ano anterior, mas bem abaixo dos níveis próximos a 15% de 2020-21. Para efeito de comparação, o USDA prevê estoques de milho dos EUA para uso em 2024-25 em 10,2%. A leitura mais baixa até agora neste século foi de 7,4% em 2012-13. Isso sugere que a safra de milho do Brasil tem pouca margem para erro, e qualquer déficit pode resultar em perda de participação na exportação global. Isso pode ajudar a estender a sequência de vitórias para os exportadores de milho dos EUA, que têm desfrutado de vendas acima da média nos últimos meses. Juntos, os Estados Unidos e o Brasil respondem por cerca de 57% das exportações globais de milho. Ambos os fornecedores estão lamentando a perda de negócios chineses, que teoricamente poderiam ressurgir a qualquer momento. Se a China voltar ao mercado de milho brasileiro, isso pode parecer uma perda para os Estados Unidos. Mas com os estoques brasileiros escassos, as compras chinesas podem indiretamente empurrar outros clientes brasileiros para o fornecimento dos EUA, especialmente no final deste ano, se a safra de milho dos EUA se recuperar como esperado. Fonte: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/milho/393267-plantio-lento-de-milho-no-brasil-pode-pressionar-ainda-mais-os-estoques-mundiais.html