O Oceano Pacífico atingiu níveis de temperatura que já caracterizam a ocorrência de um novo fenômeno climático La Niña, segundo reporte nesta terça-feira do serviço australiano de meteorologia, Bureau of Meteorology (BOM na sigla em inglês). Os modelos climáticos, no entanto, sugerem que o evento será fraco e de curta duração, persistindo até o início do outono de 2018 no hemisfério Sul.
"Sinais de La Niña no Pacífico equatorial aumentaram durante a primavera. O Oceano Pacífico tropical do centro para o leste esfriou de forma constante desde o inverno, e agora está no limiar de La Niña (0,8°C abaixo da média). Os indicadores atmosféricos, incluindo o Índice de Oscilação do Sul (SOI), os ventos e as nuvens, também mostram padrões claros de La Niña", disse o serviço em nota.
Segundo o BOM, para que 2017/18 seja classificado com um período de La Niña ainda é necessário que o evento dure pelo menos três meses. Os modelos climáticos pesquisados pelo serviço australiano sugerem que, embora o evento possa persistir até o verão do hemisfério sul, ele será mais fraco que o forte La Niña registrados nos anos de 2010 e 2012.
Modelos apontam que a ocorrência do fenômeno La Niña, a região Sul do Brasil pode ter falta de chuva ou intensificação de veranico. A situação demanda atenção uma vez que as culturas de verão, como a soja e milho que estão em plantio e serão colhidas nos próximos meses, podem ser afetadas. No Norte, as chances são de chuvas acima da média em alguns estados. Mapas do Inmet já mostram esses reflexos. Para o Centro-Oeste e Sudeste, todo tipo de fenômeno pode ser esperado.
Em outras localidades ao redor do globo, o fenômeno também pode favorecer mudanças climáticas. Como o aumento das chuvas no Sudeste Asiático e Austrália. Para os Estados Unidos, o NOAA disse recentemente que a perspectiva favorece temperaturas acima da média e precipitação abaixo da média em toda a parte Sul do país, enquanto a parte Norte do país poderia ver temperaturas abaixo da média e acima da precipitação mediana.
Os Estados Unidos disseram no mês passadoque um fraco La Niña se formou em outubro e tem 64% de chances de durar até março.
Em entrevista recente ao Notícias Agrícolas, o professor Expedito Rebello, coordenador geral do Inmet, disse que o escritório australiano costuma ser bastante criterioso ao elevar e confirmar fenômenos climáticos. "Eles são muito duros. A Austrália deve sofrer impactos diretos com o La Niña, como enchentes em algumas áreas e secas em outras", explicou o especialista.
Reflexos no mercado de commodities
Informações reportadas pela agência de notícias Bloomberg dão conta os preços das commodities agrícolas, incluindo o milho, a soja, o trigo, o algodão, o açúcar e o café podem aumentar e ser voláteis durante todo o ciclo de La Niña. Além disso, a produção de algodão da Austrália pode se beneficiar com as chuvas no país, segundo o grupo da indústria Cotton Australia em outubro.
Fonte: www.noticiasagricolas.com.br