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Movimento da China de suspender compras nos EUA melhora condições de preço da soja do Brasil

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Estável. Foi assim que o mercado da soja fechou o dia na Bolsa de Chicago depois de uma segunda-feira extremamente agitada e volátil em quase todos os mercados. Os últimos movimentos de China e Estados Unidos na guerra comercial chegaram impactando todos os mercados financeiros, de ações e commodities e com a oleaginosa não foi diferente. Mais cedo, o mercado que encerrou os negócios com pequenas variações de nem 1 ponto entre os contratos mais negociados, perdia mais de 10 pontos, levando as cotações aos seus mais baixos patamares desde o final de maio. O mercado sentiu, a princípio, o peso das notícias de que a China pediu às suas estatais que suspendam compras de produtos agrícolas norte-americanos e de que o Banco Central chinês teria permitido, pela primeira vez em mais de dez anos, que o yuan rompesse a marca dos 7 por dólar. A medida promoveu uma pressão severa sobre os futuros da oleaginosa, uma vez que sinaliza uma distância ainda maior entre os dois países para que alcancem um acordo. Para o analista sênior da INTL FCStone, Darin Friederichs, em entrevista à agência internacional, "as grandes compras agrícolas norte-americanas são a maior alavancagem" que a China possui agora, sendo essa sua principal carta. Afinal, "isso afeta diretamente o setor agrícola norte-americano ainda mais, que é uma das principais bases eleitorais de Donald Trump. Se eles reagirem antes da eleição, essa é maneira mais óbvia de retaliação", diz. Na sequência, as previsões climáticas atualizadas no meio do dia indicando condições mais preocupantes para o Corn Belt na segunda quinzena de agosto permitiram que o mercado desse uma pausa nas baixas para retomar seu fôlego e recuperar alguns patamares importantes. A incerteza sobre a realidade e o futuro da nova safra dos Estados Unidos mantém os preços ainda sem uma direção bem definida e também uma cautela maior por parte dos traders no mercado internacional neste momento. "Eu acredito que de hoje e a 12 de agosto, quando chega o novo boletim do USDA, seja difícil o novembro operar abaixo de US$ 8,50", diz Ênio Fernandes, consultor em agronegócio da Terra Agronegócios. "Isso porque não há sinalização da safra americana, qualquer coisa seria um chute", completa. O vencimento fechou o dia com US$ 8,68 por bushel, mas mínima do dia, a posição bateu nos US$ 8,54. O contrato janeiro/20 fechou a segunda-feira com US$ 8,82, enquanto o maio/20, que é referência para a nova safra brasileira ficou em US$ 9,04. SOJA DO BRASIL E por falar em soja brasileira, todo essa escalada das tensões entre Xi Jinping e Donald Trump continuam a sinalizar que a demanda chinesa pela soja brasileira segue forte e com sinais de crescimento. Nesta segunda-feira, a Cofco International projetou uma alta de 5% em suas importações de grãos do Brasil ao ano. A informação foi feita pelo chairman do grupo, que é uma das maiores tradings estatais chinesas, Jingtao Chi, durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e pela B3. “A parceria da nossa empresa com os produtores brasileiros será cada vez mais aperfeiçoada, principalmente agora com um ambiente de negócios mais seguro e estável”, disse Chi em sua participação no evento. Ainda segundo ele, o estreitamento das relações entre China e Brasil é uma realidade que só tende a se intensificar. Somente na semana passada, depois do anúncio de Trump sobre novas tarifas de 10% em US$ 300 bilhões em produtos chineses, foram mais de meio milhão de toneladas de soja brasileira à nação asiática, segundo relatou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Essas notícias e esses movimentos têm promovido um espaço de recuperação e retomada dos prêmios no mercado brasileiro, porém, ainda de forma limitada. Ainda como explica Brandalizze, os chineses têm forçado menos nos prêmios observando a compensação que os preços brasileiros têm encontrado no câmbio. O dólar voltou, nos últimos dias, a superar os R$ 3,90 e dar boas oportunidades de comercialização para o Brasil. Nesta segunda, somente nos portos, os preços da soja subiram mais de 1%. Ainda segundo Vlamir Brandalizze, foram registrados indicativos de até R$ 83,00, enquanto na última sexta-feira (2), as referências variavam entre R$ 81,00 e R$ 81,50 por saca. No interior do país, os ganhos chegaram a bater em 3,97%, como foi o caso de Castro, no Paraná, onde o preço da saca foi a R$ 78,50 por saca. A maior parte das principais praças de comercialização registraram ganhos de mais de 1% neste início de semana. "Com as notícias de que os Estados Unidos deverão impor uma nova tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos chineses, vendedores brasileiros têm expectativa de maior demanda externa. Esse cenário, que aumentou a liquidez, e a valorização cambial elevaram os preços domésticos nos últimos dias", disse o Cepea em seu alerta desta segunda-feira. Entretanto, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira, alerta para os efeitos desse conflito que estão às suas margens. "Enquanto os dois gigantes estão brigando, nós aqui ficamos nessa incerteza, sem saber o que fazer nesse momento. Temos dificuldade de ter a referência na Bolsa de Chicago, e esse é um dos problemas. Se a nossa referência é essa e a soja está represada nos EUA por conta disso, ela começa a jogar os preços para baixo e temos os prêmios aqui (no Brasil) que nem sempre compensam", diz Pereira. E dessa forma, "o chinês está comprando a soja barata, o produtor brasileiro, por uma dificuldade ou outra, tem que vender, os custos de produção estão muito altos, e eles já está planejando a próxima safra, mas nesse momento o produtor está um pouco incerto, do que fazer e como fazer". No link a seguir, veja a entrevista do presidente da Aprosoja Brasil na íntegra, direto do Congresso Brasileiro do Agronegócio, dada a João Batista Olivi. Fonte: www.noticiasagricolas.com.br