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Soja do Brasil tem 2% a mais de proteína que a americana... mas ainda há quem duvide
A Embrapa Soja esclarece que informações publicadas em matérias jornalísticas que discutem o teor de proteína da safra brasileira de soja, veiculadas nos dias 19 e 20 de julho de 2019, a partir de reportagens originadas pela Agência Reuters, não refletem os resultados de pesquisas que vêm sendo conduzidas pela empresa desde a safra 2014/15, junto ao setor produtivo.
Os dados da Embrapa, levantados pelo projeto Qualigrãos, mostram que não ocorreu variação significativa no teor de proteína do grão no país nas safras de 2014/15 até a safra 2017/18. O projeto Qualigrãos, da Embrapa Soja, traçou uma radiografia da qualidade da soja comercial brasileira nas quatro últimas safras.
De acordo com o pesquisador Irineu Lorini, líder do projeto, pequenas variações nos teores médios de proteína são consideradas normais, inerentes ao sistema de produção de soja, uma vez que há inúmeros fatores que interferem no teor médio de proteína no grão de soja, como a própria safra agrícola, o clima, as cultivares, o manejo da cultura, a região de produção, para citar alguns exemplos.
-- “Os números brasileiros têm girado em torno de 37%, o que indica uma estabilidade do teor médio no país”, explica.
Brasil pode ganhar mais com a soja se priorizar a qualidade do grão
O teor médio de proteína da soja brasileira, entre as safras 2014/15 a 2016/17, foi aproximadamente 2% superior ao dos grãos produzidos nos Estados Unidos. Por outro lado, os grãos defeituosos causaram prejuízos anuais de R$ 1 bilhão à sojicultura nacional. Os resultados são de um estudo feito pela Embrapa Soja(PR) sobre aspectos econômicos relacionados à qualidade de grãos no Brasil a partir de dois atributos: teor de proteína e percentual de grãos avariados (defeituosos). “Esse trabalho pretende introduzir a discussão sobre os aspectos relacionados à qualidade da soja para que se possa realizar a devida valoração de atributos qualitativos na comercialização”, explica o analista econômico da Embrapa Marcelo Hirakuri.
O estudo foi feito em dez estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia e Tocantins, que juntos são responsáveis por cerca de 93% da produção nacional.
País sofreu mais de R$ 1 bilhão em perdas por grãos avariados
Perdas grandes
Em relação aos grãos avariados, grande parcela da soja colhida excedeu a tolerância de 8% de grãos defeituosos permitida por lei. Algumas regiões apresentaram amostras de até 30% de grãos avariados, que representam a soma dos mofados, ardidos, queimados, fermentados, imaturos, chochos, germinados e danificados por percevejo. “Esses casos representam prejuízo para o produtor, porque o armazenador pode descontar o percentual que estiver avariado, já que esse material tem baixa qualidade para a indústria”, avalia o pesquisador Irineu Lorini, da Embrapa.
“No caso de grãos avariados, a perda econômica estimada alcançou um valor superior a R$ 1 bilhão, considerando o percentual da produção que excedeu o limite de 8%, a quantidade excedida e o preço da soja pago nos estados”, calcula Hirakuri. Os principais defeitos observados foram os grãos fermentados e danificados por percevejos, que responderam por 84,6% dos defeitos existentes nos grãos de soja avariados.
As menores perdas econômicas foram observadas nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, uma vez que pequena parcela da soja colhida excedeu o limite tolerado. Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Tocantins tiveram perdas econômicas entre R$ 10,4 milhões e R$ 19,5 milhões.
Teor de proteína é diferencial competitivo
A soja é valorizada principalmente por seu alto teor de proteína, que é superior ao de outras oleaginosas. Por isso, o grão tornou-se matéria-prima indispensável para produção de farelo proteico, utilizado principalmente na fabricação de rações para aves, suínos, bovinos e animais de pequeno porte. “A qualidade é um aspecto favorável, tanto para a indústria brasileira consumidora de soja quanto para países que importam o grão em larga escala, como é o caso da China”, explica Hirakuri.
Enquanto o teor médio de proteína da soja brasileira nas três safras analisadas foi de 36,69%, o da soja norte-americana foi de 34,70%, entre 2006 e 2015, caindo para 34,1% na safra 2017, segundo a United States Soybean Export Council. “O Brasil poderia explorar comercialmente esse fato, porque cada tonelada brasileira exportada tem 2% a mais de proteína, se comparada à soja americana”, frisa Lorini. Em 2017, a China, por exemplo, importou quase 65% da soja em grão mundialmente exportada para produzir farelo internamente, em vez de importar o produto derivado. “No entanto, a valoração do grão é quantitativa e medida em toneladas e não se considera a proteína embutida”, explica.
Fonte: www.noticiasagricolas.com.br