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Preços da soja no Brasil tendem a recuar em março e produtores devem repensar estratégia de comercialização

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O mercado da soja está fechando uma semana boa", resume o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, com ganhos sendo registrados para os futuros da soja negociados tanto na Bolsa de Chicago, quanto no mercado brasileiro. Os últimos dias foram marcados por uma enxurrada de informações, as quais poderiam pesar sobre os preços e resultar em um saldo negativo, mas a condição foi contrária. Na CBOT, o contrato março/21 subiu na semana 0,36% para US$ 13,77; o maio 0,66% para US$ 13,80 e o agosto, 0,99% para US$ 13,27 por bushel. Ainda segundo Brandalizze, boa parte deste suporte veio dos desdobramentos dessa severa e intensa onda de frio que chega não só aos Estados Unidos, mas em todo hemisfério norte. "O inverno extremo está causando um aumento de demanda de rações pelos animais, que consomem mais pelo frio. E se ele consumir o mesmo volume, mas com todo esse frio, ele não garante o mesmo ganho de peso (...) Assim, considerando todo o plantel mundial, são 4 milhões de toneladas a mais de ração por dia consumidas, e tudo isso é reflexo em demanda maior de soja, de milho, e também nos dados finais, sobre os estoques finais", explica Brandalizze. Trata-se de uma "demanda extra" em um quadro de oferta e consumo já extremamente ajustado. No entanto, o fôlego que estas condições poderiam oferecer aos preços poderiam se dar sobre o médio e longo prazo. "O mercado já está, afinal, com esse quadro (de oferta e demanda) absorvido, a safra brasileira vai chegar a todo vapor, já está comprometida. Mas é também um bom sinal porque diminui a diferença entre o curto e o médio/longo prazos. Essa demanda adicional pode dar um ajuste e melhorar as condições mais a frente, da safra 2021/22", complementa. USDA AGRICULTURAL OUTLOOK FORUM A semana também foi marcada pelos novos números divulgados nesta quinta (18) e sexta-feira (19) pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em seu Agricultural Outlook Forum para a temporada nova. Foram reportados números de produção, produtividade, estoques iniciais e finais, exportação e esmagamento "Gostei do número. Foi um número bom, bem pé no chão, já temendo que pode haver limitação de potencial produtivo pelo clima nesta temporada", afirma Brandalizze. Afinal, mais do que essa onda forte de frio, o tempo seco nos EUA preocupa mais, já que há mais de 60% do território norte-americano sofrendo com alguma condição de seca. A produção de soja foi estimada em 123,15 milhões de toneladas, com uma produtividade média esperada inicialmente de 56,93 sacas por hectare. Na safra 2019/20, os números são de, respectivamente, 112,54 milhões e 56,26 sacas por hectare. Os estoques iniciais de soja nos EUA estão estimados em 3,27 milhões de toneladas e os finais em 3,95 milhões. Para a temporada atual, os estoques finais ainda são projetados em 3,27 milhões de toneladas. Ou seja, apesar do aumento expressivo da área destinada à oleaginosa, os estoques americanos seguem apertados. No front da demanda, as exportações da nova temporada são estimadas em 59,87 milhões de toneladas, menos do que na safra anterior, de 61,23 milhões, de acordo com a última estimativa do USDA. Já para o esmagamento, o departamento estima 60,15 milhões de toneladas, contra 59,87 milhões do ano comercial atual. Com estes números, a relação estoque x uso da soja nos EUA é estimada pelo USDA em 3,2%, ligeiramente maior do que a deste ano, de 2,6% e terceira mais apertada da história. O preço médio esperado pelo departamento para a commodity é de US$ 11,25 por bushel, contra US$ 11,15 da temporada anterior. Para a soja, as primeiras projeções do USDA indicam uma área de 36,42 milhões de hectares (90 milhões de acres), quase em linha com a média das expectativas do mercado de 36,34 milhões de hectares (89,8 milhões de acres). BRASIL: COLHEITA, LINEUP E NOVOS NEGÓCIOS A colheita brasileira caminha em um ritmo já um pouco melhor, o que também melhora - ainda que ligeiramente - as operações de embarque de soja nos portos brasileiros. Todavia, adversidades climáticas ainda comprometem alguns elos da cadeia de distribuição e escoamento da oleaginosa no Brasil. O lineup brasileiro da soja cresce todos os dias com a dificuldade dos embarques nos portos brasileiros e já chega a 15,9 milhões de toneladas, com tendência de alcançar um número maior até o final desta semana. As atuais condições de clima no Brasil comprometem bastante o escoamento e o embarque da nova safra e já causa preocupações ao mercado. E até o último dia 15, apenas 8% desse volume já havia sido embarcado. Na semana, os preços nos portos acumularam pequenas altas nas principais referências. Em Paranaguá, o produto disponível e para março tiveram alta de 0,61% para R$ 166,00 e R$ 165,00 por saca, respectivamente. Em Rio Grande, altas de 0,30% e 0,31% para R$ 165,00 e R$ 163,00. A sustentação das referências veio do avanço em Chicago e do dólar ainda alto, mas foram limitadas pelos prêmios que estão bastante pressionados. "No Brasil, há uma tendência de pressão de baixa. Caminhamos para uma acomodação do câmbio, e aí as cotações neste período de pico de safra que deve se dar na virada de fevereiro para março podem passar por uma pressão de baixa nos valores em reais", acredita Brandalizze. Colheita de soja 2020/21 do Brasil chega a 12,4% da área, com atraso, diz Safras SÃO PAULO (Reuters) - A colheita de soja 2020/21 do Brasil, maior produtor e exportador global da commodity, chegou a 12,4% das áreas, estimou a consultoria Safras & Mercado nesta sexta-feira, sinalizando atraso em relação a anos anteriores. Uma semana atrás, os trabalhos haviam alcançado 7,1% das lavouras da oleaginosa, de acordo com a consultoria. O plantio tardio, em função de uma seca no início da temporada, e chuvas entre janeiro e fevereiro dificultaram o avanço das colheitadeiras. "Os trabalhos estão atrasados em relação ao ano passado, quando 30,4% da safra já estava colhida, e também atrás da média normal para o período, que é de 26,6%", afirmou em nota. O Estado de Mato Grosso lidera a colheita, com 34% das áreas, seguido por Goiás com 14%. Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins vêm na terceira posição com 5% das áreas colhidas cada um. Na média histórica para o período, Mato Grosso estaria com 55,8%, Goiás com 31,4% e Paraná com 26,8%, destacou a Safras, enfatizando o atraso nos trabalhos regionais que reduziram a oferta disponível do grão. Fonte: https://www.noticiasagricolas.com.br/videos/soja/280674-precos-da-soja-no-brasil-tendem-a-recuar-em-marco-e-produtores-devem-repensar-estrategia-de-comercializacao.html#.YDDviuhKjIU.